Consórcios de carros puxam a alta de bens pendentes, com 12% de
aumento no número de cartas de crédito não utilizadas – diversidade de
modelos e ano eleitoral justificam decisão.
Quem comprou um consórcio, teoricamente, desejava adquirir um carro, uma casa ou algum outro bem – de preferência, contando com a sorte para ser contemplado com o sorteio o quanto antes, certo? Nem tanto. Dados do Banco Central (BC) apontam que, em janeiro, o número de bens pendentes de aquisição por cartas de créditos – entre móveis e imóveis – avançou 7,68% frente a janeiro do ano passado. São 353.991 cotas de consórcios já contemplados que ainda não foram utilizados por seus compradores.
Quem comprou um consórcio, teoricamente, desejava adquirir um carro, uma casa ou algum outro bem – de preferência, contando com a sorte para ser contemplado com o sorteio o quanto antes, certo? Nem tanto. Dados do Banco Central (BC) apontam que, em janeiro, o número de bens pendentes de aquisição por cartas de créditos – entre móveis e imóveis – avançou 7,68% frente a janeiro do ano passado. São 353.991 cotas de consórcios já contemplados que ainda não foram utilizados por seus compradores.
SXCNo mercado
imobiliário, alta dos preços ampliou o uso das cartas de crédito já
contempladasPara o setor, o aumento no número de bens pendentes ainda
não preocupa. Paulo Roberto Rossi, presidente da Associação Brasileira
das Administradoras de Consórcio (Abac) acreduta qye esse movimento
normal, especialmente se considerado o aumento 9,6% no número de
consorciados ativos em 2013. O setor fechou o ano com 5,7 milhões de
cotistas, volume recorde. “Essa curva está muito associada a opção do
consumidor, mesmo”, diz.
Muitas razões podem estar intimidando
quem foi contemplado pelo consórcio. Tradicionalmente, anos eleitorais
provocam alguma retração no consumo, devido ao clima de incerteza
espalhado pelo mercado. Eventos como a Copa do Mundo também geram algum
grau de dúvida, principalmente quando a expectativa é de manifestações e
agitação antes e durante os jogos.
O responsável por esse aumento
é o setor de veículos, no qual o número de bens pendentes é 12%
superior ao apresentado no primeiro mês do ano passado. Consigo, o
mercado automotivo traz uma característica particular. “Hoje o
consumidor tem uma gama imensa de marcas e modelos, é natural que ele
prefira esperar para adquirir outro veículo em um momento mais
oportuno”, diz.
Enquanto o modelo desejado não chega às lojas ou
ao valor da carta de consórcio, o fato é que o cliente não perde
dinheiro. “O dinheiro dele vai sofrendo correção de acordo com a
aplicação financeira que faz a gestão desse investimento”, explica
Rossi. A maior parte dos consórcios aplica em títulos de renda fixa, que
são corrigidos pela taxa básica de juros, a Selic. “Ele acaba tendo uma
poupança estimada e depois decide como resgatar.”
Como funciona o mercado imobiliário
No
mercado imobiliário, o contexto é inverso. O número de bens pendentes
caiu 2,62% – resultado da franca ascensão nos preços dos imóveis, que
amedrontou o candidato à casa própria. “As pessoas se apressaram em
comprar o imóvel mesmo tendo uma rentabilidade em cima do valor
depositado para não correr esse risco”, diz Rossi.
Afinal, o que
está acontecendo com o brasileiro consumidor voraz e com a demanda
reprimida de imóveis e automóveis? Provavelmente as primeiras pistas de
que o imediatismo do consumo pode estar começando a dar lugar a algum
esclarecimento financeiro. O brasileiro está aprendendo a esperar.
Consórcio é uma poupança, mas como investimento, o risco é alto
A
ferramenta funciona bem para quem não tem disciplina financeira e não
consegue fazer uma poupança de longo prazo, mas não serve a título de
investimento. A maior parte desses contratos acaba corrigida pela taxa
básica de juros que, nas expectativas do último boletim Focus, deve
encerrar o ano aos 11%, oferecendo uma taxa de retorno real bruto de
4,62% – desconsiderando impostos e taxas de administração. Se a Selic
não chegar até lá, a rentabilidade pode ficar muito próxima de uma Letra
do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em 2015, por exemplo, que tem
taxa real bruta é de 4,38% – mas não tem taxa de administração e
vencimento anterior ao do consórcio.
No caso dos consórcios de
carros, por exemplo, a taxa de administração fica em torno de 2,6% ao
ano, desconsiderando a capitalização. No caso dos consórcios de imóveis
(120 a 200 meses), em torno de 1,14% ao ano. “O melhor investimento é
sempre criar outras fontes de renda”, pontua Rytenband.
Como
trata-se de um dinheiro carimbado, você não pode resgatar o valor do
investimento a qualquer momento, perdendo liquidez. Passados 180 dias do
fim do grupo, o valor poderá ser convertido em espécie.
O
economista e professor de finanças Richard Rytenband alerta que adquirir
de outros ou mantê-la a título de investimento é algo muito parecido
com especulação. “A pessoa pode até, por exemplo, esperar um preço bem
abaixo do mercado para utilizar o crédito e depois vender o bem da carta
de crédito, mas isso é muito inseguro, precisa ter timing e não é para
amadores”, diz.
Se a ideia for esperar os 180 dias ou vender a
carta de crédito no futuro, lembre-se também que a inflação poderá
corroer seu poder de compra, prejudicando o retorno do investimento.
Fonte: IG
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