A queda nas intenções de adquirir produtos ou serviços por sites
de compras coletivas reflete a maior consciência do consumidor. O
perfil deixou de ser a compra por impulso e , agora, esses consumidores
observam melhor as condições de uso oferecidas. A avaliação é do Serviço
de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que divulgou essa semana uma
pesquisa sobre hábitos de compra pela internet.
A
pesquisa foi feita em todas as capitais do país, de 5 a 8 de janeiro
deste ano, e respondida pela internet por 662 pessoas maiores de idade
de ambos os sexos e todas as classes sociais. Os dados mostram que 47%
dos consumidores de compras coletivas diminuíram a frequência de consumo
pelos sites, 42% adquiriram produtos e serviços e 61% fizeram ao menos uma compra a cada seis meses.
Para
a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a cautela ocorre
porque o consumidor está mais atento às condições de compra. “Isso veio
como um boom (crescimento acelerado) e a impressão que dá é que
as pessoas foram com muita sede ao pote". Ela explicou que é necessário
verificar "com muito cuidado" o contrato de compra e verificar as
condições de vendas impostas pelos sites.
No caso
das refeições em restaurantes, por exemplo, existe o dia certo para
usar o vale de compra. Marcela Kawauti alerta, ainda, para o fato de
que, em época de temporada, não se pode utilizar o vale adquirido para
pousadas. "Então, as pessoas começaram a aprender a usar, por isso que
teve esse recuo”, ressaltou.
A pesquisa mostra que cerca de
um terço dos cupons não foi utilizado, sendo que 58% dos consumidores
disseram que o prazo expirou, 16% responderam que o local para usufruir o
produto era muito longe e 15% admitiram que não leram com atenção o
regulamento e perceberam, depois da compra, que o regulamento não o
atendia.
Marcela disse que houve insatisfação dos consumidores quando começou o boom
das compras coletivas, em 2010 e 2011. “Das pessoas que se disseram
insatisfeitas, para quem usou o cupom, 21% disseram que teve qualidade
de serviço muito ruim, para 20% o atendimento deixou a desejar e 14%
disseram que era muito difícil conseguir um dia e horário para usufruir o
produto, o que é muito comum também”.
Para o publicitário Daniel Araújo, de 28 anos, morador de Cuiabá (MT), o interesse pelos nos sites de compra coletiva diminuiu, também, porque deixou de ser novidade. “Foi um boom. Ficava todo mundo comprando, todo mundo olhando, eram poucos sites
e a gente queria aproveitar o máximo que conseguisse, o que aparecesse
de oferta eu comprava, porque era tentador. Mas aí aumentou a quantidade
de sites, além dos nacionais foram surgindo mais sites locais, com promoções da nossa cidade, mas acabou que tudo foi virando mais do mesmo”.
Ele
acrescentou que, com o passar do tempo, os atrativos diminuíram e os
descontos não eram tão incentivadores. “Eu realmente comprava muito,
aproveitava de peça de teatro a reparo de carro, comida, procedimento
estético, que tinha bastante. Depois parei, comprava só algumas coisas
de jantar, promoção para casal, para grupo. Depois nunca mais, ficou sem
atrativo. Hoje em dia eu ainda entro, dou uma olhada para ver o que tem
de novo, de diferente. E não tem nada, são sempre as mesmas coisas e
geralmente eu não compro”.
A estudante de Brasília Camila Inará, de 23 anos, disse que foi
desmotivada a comprar porque sentia diferença no tratamento dos
clientes de compra coletiva e dos demais e teve problemas com o serviço
adquirido. “Eu comprei uma festa completa de aniversário infantil e era
golpe. Estava tudo acertado, eu tinha marcado com muita antecedência,
mas eu voltei lá para ver se estava tudo certo e descobri que a moça
tinha sumido. Cheguei a fazer o boletim de ocorrência mas não deu em
nada. Pelo menos o site me devolveu o dinheiro”.
O SPC Brasil mostra que 46% do público dos sites
de compras coletivas são jovens entre 18 e 34 anos, 46% são das classes
A e B, 49% têm ensino superior e 56% fazem compras com frequência pela
internet.
Os sites de compra coletiva Peixe
Urbano e Groupon foram procurados pela reportagem para se posicionar
sobre a pesquisa, mas não responderam até o fechamento da matéria.
Fonte: Agência Brasil
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