Mesmo pagando juros de 9,6% ao ano para pegar dinheiro emprestado, os bancos brasileiros cobram, em média, taxas de 45,4% nos empréstimos para seus clientes, ou seja, quase cinco vezes a mais. Esses percentuais levam muitos consumidores ao descontrole financeiro, numa situação que, para o devedor, se assemelha à que passa quem cai nas garras de agiotas.
Essa diferença entre quanto os bancos pagam pelo dinheiro e quanto cobram do consumidor é chamada de spread. No Brasil, ele está em 35,8% ao ano — o resultado dos 45,4% que os clientes pagam, menos 9,6%, que é a taxa cobrada das instituições, segundo dados do Banco Central (BC). Isso coloca o país com o segundo spread mais alto do planeta, atrás apenas da ilha africana de Madagascar, num ranking de 138 países.
Se você olha nosso mercado bancário, vê que ele é bem melhor que o de diversos países que estão à frente na lista. Mas, até agora, está faltando vontade política de modificar esse cenário — afirma o economista Roberto Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), atualmente na Delta Consultoria.
O governo, agora, quer mudar essa situação. Para isso, determinou que os dois bancos oficiais, o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF), abaixassem suas taxas (apesar de as instituições afirmarem que a decisão não foi tomada por pressão política).
Os bancos privados, por sua vez, já informaram que não vão acompanhar o movimento dos públicos, sem que o governo lhes dê contrapartidas. Para o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, a mensagem é clara:
As instituições querem impostos mais baixos, além de segurança contra inadimplência. Sem isso, é difícil haver mudanças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário