sábado, 21 de abril de 2012

Cadastro Positivo: governo não cede à pressão dos bancos

O governo não vai ceder à pressão dos bancos na regulamentação do Cadastro Positivo, que está prestes a ficar pronto. Um dos principais pleitos do setor é a criação de um órgão público com a missão exclusiva de fazer a certificação das empresas que vão montar os futuros bancos de dados dos bons pagadores. Na visão do Ministério da Fazenda, esse órgão é desnecessário. O argumento é que os "cadastros negativos" já existentes, como Serasa e SPC, funcionam bem sem esse tipo de aval. A ideia é que o cadastro positivo seja montado nesses mesmos moldes.
Porém, será fixada uma série de exigências para as empresas interessadas em prestar o novo serviço. Entre elas, a de capital mínimo e tecnologia suficiente para garantir o armazenamento e a proteção dos dados sigilosos dos clientes.
Esses requisitos atendem em parte à preocupação dos banqueiros que vão responder de forma solidária pelo uso indevido das informações. Para o setor, a responsabilidade solidária poderá prejudicar o êxito do cadastro, porque as instituições estão temendo processos dos correntistas em caso de informações erradas, por exemplo, que forem repassadas por terceiros.
Governo vai permitir só uma autorização por cliente
Para mexer nessa regra, a Fazenda teria que alterar lei que criou o Cadastro Positivo, o que está fora de cogitação, porque a cláusula foi incluída na proposta original no Congresso, atendendo às preocupações dos órgãos de defesa do consumidor, depois de intensos debates.
No entanto, o governo vai ceder em um outro ponto defendido pelos bancos: para ser incluído no Cadastro Positivo, será necessária apenas uma única autorização expressa do cliente e não várias, a cada consulta. Para isso, os correntistas deverão receber em suas residências uma carta, em que essas empresas pedirão autorização expressa para inclusão do seu nome no banco de dados.
O Cadastro Positivo foi criado há quase um ano e só depois da pressão da presidente Dilma Rousseff para baixar os spreads (diferença entre o custo de captação dos bancos e o que é cobrado do tomador final) é que a equipe econômica está se movimentando para regulamentar a regra. No dia em que a cúpula da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) reuniu-se com o Ministério da Fazenda e levou o diagnóstico com as 23 propostas do setor, o cadastro positivo foi discutido e, segundo interlocutores, a equipe econômica deixou claro que não pretende fazer grandes concessões nesse assunto.
Também ficou claro para os participantes do encontro que o governo não chamaria mais o setor para tratar da regulamentação do cadastro. Assim, as instituições bancárias aguardam agora a publicação do decreto com as normas que vão valer para o funcionamento do cadastro.

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