Um ano após ser lançado pelo governo, o Plano Nacional
de Banda Larga (PNBL), que oferece internet fixa a R$ 35 por mês com
velocidade de 1 megabyte (MB), encerrou 2012 com 1,2 milhão de usuários
em 2.300 cidades. Mas analistas acreditam que o número poderia ser três
vezes maior. Para tentar reverter esse quadro, o Ministério das
Comunicações e a Telebras estudam duplicar a velocidade de dados já este
ano, chegando a 2 MB por mês e preço entre R$ 35 e R$ 40.
O
quadro fica mais crítico quando se considera a meta ousada do governo:
chegar a 2014 com 40 milhões de lares conectados à internet com
velocidade mínima de 1 MB. Hoje, segundo dados do IBGE, somente 22,395
milhões de casas (36,5% do total de lares do Brasil) têm algum tipo de
conexão à rede.
— Será preciso um crescimento muito elevado neste ano e em 2014. O PNBL deveria, ao menos, estar crescendo três vezes mais. A primeira barreira é o computador, presente só em 40% dos lares — diz o consultor Virgilio Freire.
Criado para aumentar a inclusão digital no país, o PNBL esbarrou na resistência inicial dos provedores e das operadoras de telefonia em aderir à oferta, explica o presidente da Telebras, Caio Bonilha. Segundo ele, o plano, lançado em outubro de 2011, só começou a ganhar impulso em meados de 2012. Mas os obstáculos vão além, lembram especialistas, como a concorrência com os planos de conexão à internet dos celulares pré-pagos e a baixa presença de computadores nos lares brasileiros.
— Será preciso um crescimento muito elevado neste ano e em 2014. O PNBL deveria, ao menos, estar crescendo três vezes mais. A primeira barreira é o computador, presente só em 40% dos lares — diz o consultor Virgilio Freire.
Criado para aumentar a inclusão digital no país, o PNBL esbarrou na resistência inicial dos provedores e das operadoras de telefonia em aderir à oferta, explica o presidente da Telebras, Caio Bonilha. Segundo ele, o plano, lançado em outubro de 2011, só começou a ganhar impulso em meados de 2012. Mas os obstáculos vão além, lembram especialistas, como a concorrência com os planos de conexão à internet dos celulares pré-pagos e a baixa presença de computadores nos lares brasileiros.
Gasto fixo mensal é barreira
Além das teles como Oi, Vivo, Claro e TIM, a Telebras aluga sua rede para os provedores, que vendem o PNBL para o consumidor final. Bonilha conta que em dezembro de 2012 havia 97 contratos ativos com pequenas empresas de internet, de um total de 150 acordos já assinados. A rede da Telebras já foi instalada em 900 municípios.
Além das teles como Oi, Vivo, Claro e TIM, a Telebras aluga sua rede para os provedores, que vendem o PNBL para o consumidor final. Bonilha conta que em dezembro de 2012 havia 97 contratos ativos com pequenas empresas de internet, de um total de 150 acordos já assinados. A rede da Telebras já foi instalada em 900 municípios.
— Dos clientes totais do
PNBL, a Telebras representa algo entre 5% e 8%. Ainda é pouco. No início
houve muita resistência, pois as empresas acreditavam que a oferta (de
R$ 35) iria canibalizar os seus produtos — diz Bonilha.
Só que os preços menores não foram suficientes para impulsionar o plano.
—
Quem pode foge do compromisso de pagar uma conta mensal. Por isso, as
lan houses e as ofertas pré-pagas de internet acabaram competindo com o
PNBL. O plano está conseguindo atender à população sem histórico de
consumo de internet. Mas muitos clientes acabam migrando para planos com
maior capacidade — explica Eduardo Tude, presidente da consultoria
Teleco, especializada em telecomunicações.
É por isso que o
governo quer dar mais força ao PNBL em 2013. André Moura Gomes, gerente
do Departamento de Banda Larga do Ministério das Comunicações, diz que o
objetivo é aumentar a velocidade do plano para atrair mais
consumidores:
— Estamos discutindo com a Telebras o aumento na velocidade.
O próprio presidente da Telebras admite que 1 MB é pouco:
—
O PNBL tem que se atualizar, aumentando a velocidade e ampliando a sua
rede. Em 2012, colocamos 15 mil quilômetros de rede em operação. No fim
de 2012, ativamos a rede no Nordeste, que soma 4,6 mil quilômetros.
Com
o PNBL ainda engatinhando no Nordeste, a pernambucana Manuela Conceição
da Silva Gomes, de 27 anos, sente na pele o problema do alto custo da
banda larga. Moradora da comunidade do Caranguejo, na Zona Oeste de
Recife, ela não encontrou nenhum pacote compatível com sua renda — seu
marido está desempregado e ela trabalha no comércio. A operadora exigia a
instalação de linha fixa para fornecer o acesso à internet, por um
custo que superaria os R$ 100 mensais.
Sem opção, ela optou pela
internet compartilhada, que vem se tornando comum nas comunidades de
baixa renda da cidade. Vários vizinhos dividem uma mesma assinatura, o
que dá um custo máximo de R$ 30 por residência. A comunidade tem 4 mil
moradias.
— Comprei o computador há três anos, em 11 prestações.
Acabei de pagar, mas não tinha internet — conta Manuela. — Meu vizinho
comprou um serviço de 10 MB e compartilha com cinco famílias.
No
Rio, a vendedora Claudia Amaral, de 22 anos, mora próximo ao Morro dos
Macacos, em Vila Isabel. Ela contratou o plano de R$ 35, mas reclama que
só consegue acessar de madrugada:
— Esses R$ 35 estão sendo muito mal gastos. Acho que é melhor ficar na internet do celular pré-pago.
Procuradas,
as operadoras não quiseram falar sobre o PNBL. A Vivo afirmou em nota
que, “à medida que o cliente passa a usar o serviço, naturalmente sente
necessidade de opções de internet com maior desempenho e velocidade”. A
Oi ressaltou que o país só estará coberto no fim de 2014. O presidente
de uma tele, que pediu para não ser identificado, disse que é quase um
usuário por quilômetro de fibra óptica:
— Quando você sai dos
grandes centros, o custo de rede é muito maior. Não tem subsídio e lá
não vai ter a mesma demanda dos grandes centros. (Colaborou Letícia
Lins)
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