O início da retirada dos descontos no Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) terá um impacto de 3% a 4% sobre o preço do carro
novo, segundo estimativas da Fenabrave, a entidade que abriga as
concessionárias de veículos. O cálculo leva em conta o efeito em cascata
sobre os demais impostos incidentes no preço do automóvel - ICMS e
PIS/Cofins -, além da recomposição de margens de rentabilidade das
empresas.
A partir deste mês, o governo começa a
retirar os descontos no IPI que levantaram o mercado automotivo no ano
passado. Para os carros de motor 1.0, a alíquota, antes zerada, sobe
para 2% no período de janeiro a março. No caso dos automóveis de
motorização acima de 1.0 até 2.0, a taxa passou de 5,5% para 7%.
Em
maio do ano passado, o governo cortou as alíquotas do IPI para reanimar
a indústria de veículos e, como contrapartida, as montadoras se
comprometeram a também conceder descontos por conta própria nas tabelas
de preços. Com isso, o preço do carro popular teve uma redução de preço
ao redor de 10%.
A partir de agora, com a retirada
gradual dos estímulos, as montadoras pretendem também recuperar
margens, retirando parte dos descontos que vinham sendo praticados.
Apesar disso, Flavio Meneghetti, presidente da Fenabrave, informou nesta
quinta-feira (3) que as revendas ainda contam com um estoque de carros
com os preços antigos de até 25 dias. O executivo considerou que o
aumento de preço será contrabalanceado pela redução dos juros nos
financiamentos dos veículos.
Expectativas
Expectativas
Em
coletiva à imprensa na tarde desta quinta, a economista Tereza
Fernandez, da MB Associados - consultoria que elabora as estimativas da
Fenabrave -, traçou um cenário desafiador para o mercado neste ano.
Segundo ela, os bancos permanecerão cautelosos nas liberações de crédito
devido aos índices elevados de inadimplência e alto comprometimento da
renda dos consumidores com o pagamento de dívidas assumidas nos últimos
anos.
Mesmo assim, a Fenabrave prevê que o mercado
de carros conseguirá crescer 3% neste ano, pegando carona num avanço da
mesma magnitude previsto para a economia no período. Para Tereza, a
recuperação de alguns segmentos industriais e a continuidade da expansão
no setor de serviços poderá ter impacto positivo nas vendas para
frotas.
Só as vendas de caminhões, nas contas da
Fenabrave, vão subir 16% neste ano e recuperar parte da queda de 20,2%
de 2012, como resultado de um desempenho positivo esperado para a
produção agrícola, investimentos em infraestrutura e juros para bens de
capital mantidos a taxas reduzidas até o fim do ano.
(Eduardo Laguna | Valor)
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