Quem já esteve endividado sabe a dor de cabeça que é. Mas
especialistas afirmam que as consequências do descontrole financeiro
podem ser piores, chegando a ansiedade, depressão e problemas
familiares. Nesses casos, é preciso ajuda profissional para que o
consumidor consiga encontrar uma solução, sem comprometer a saúde física
e mental.
Entre os sintomas de quem tem o estado emocional
afetado pelas dívidas estão dificuldade em se concentrar, perda de
apetite, transtornos do sono e irritação. Para ajudar os consumidores a
perceberem se precisam de ajuda, o Serasa Experian em parceria com o
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo lançou um
teste (www.serasaconsumidor.com.br/teste).
As perguntas são
destinadas a pessoas em três situações. Quem não consegue pagar todas as
dívidas sem comprometer o sustento da família; quem gasta mais de 30%
da renda com prestações; e quem gasta mais de 15% da renda com
financiamentos como casa própria ou crédito consignado.
Superintendente do Serasa Consumidor, Julio Leandro explica que
existem dois casos: em que a situação da inadimplência causa problemas
psicológicos; e em que transtornos mentais geram o descontrole
financeiro. “Muitas vezes a pessoa fica inadimplente porque acontece
algum imprevisto. Mas há casos em que existe um descontrole, as pessoas
são compulsivas na compra. A gente calcula de 30% a 35% o nível de
reincidência, ou seja, o consumidor que sai da inadimplência e em menos
de um ano está de volta”, observa Leandro.
Psiquiatra e diretora
médica do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, Fatima Vasconcellos
explica que o ato da compra gera sensação de felicidade, e isso faz com
que pessoas em depressão encontrem no consumo alívio momentâneo. “Tem
quadro que a gente trata com medicamentos, que é dos compradores
compulsivos. Há pessoas que perdem bens, vão à falência. Estas devem
buscar apoio psicológico”, afirma. Para evitar o consumo exagerado, o
comerciante Carlos Alberto Bastos, 54 anos, recorre ao esporte. “É uma
válvula de escape para não me deixar levar pelos problemas do dia a
dia”, diz.
ADMITIR PROBLEMA É O PRIMEIRO PASSO
Segundo
o Serasa, cerca de 40% da população adulta do país começou o ano
inadimplente. Mas para o superintendente do Serasa Consumidor, Julio
Leandro, poucos admitem que têm um problema.
“Muitas vezes existe o processo de negação. As pessoas não reconhecem aquele problema e não buscam ajuda. Além disso, pesquisas de Princeton e Harvard mostram que a falta de dinheiro compromete a capacidade de pensar e tomar decisões, o que também dificulta o processo de encontrar uma solução”, avalia.
“Muitas vezes existe o processo de negação. As pessoas não reconhecem aquele problema e não buscam ajuda. Além disso, pesquisas de Princeton e Harvard mostram que a falta de dinheiro compromete a capacidade de pensar e tomar decisões, o que também dificulta o processo de encontrar uma solução”, avalia.
A
professora Viviane Rodrigues Valença Silva, 33 anos, ficou surpresa com
o teste. “É difícil não ter dívidas hoje em dia. Não imaginava que o
gasto excessivo pudesse estar relacionado a um transtorno mental, é
preocupante”, diz ela.
A orientação, de acordo com Leandro, é
buscar ajuda profissional antes mesmo de pensar em como se livrar das
dívidas. Apesar de o tratamento com psicólogos, em geral, ter um custo
alto, há formas de conseguir valores mais em conta. A psiquiatra Fatima
Vasconcellos explica que as faculdades de psicologia costumam oferecer
terapias a preços mais baixos, assim como a própria Santa Casa. Além
disso, quem já faz terapia pode negociar valores que sejam mais
acessíveis.
Resolvidas as questões psicológicas e emocionais, é
hora de renegociar as dívidas. Para a psiquiatra, também é importante
tomar medidas para evitar que a situação se repita. “A recomendação é
sair de casa com pouco dinheiro, evitar levar cheques e em hipótese
alguma usar o cartão de crédito”, diz.
Fonte: O Dia
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