Um estudo publicado nesta segunda-feira alerta que os casos de câncer aumentarão 50% até 2030, quando serão diagnosticados em todo o mundo quase 22 milhões de casos, em comparação com 14 milhões em 2012, devido a um forte aumento da doença nos países em desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, as mortes por câncer passarão de 8,2 milhões a 13 milhões por ano.
Essas tendências são acompanhadas pelo aumento e o envelhecimento da população e pela adoção de hábitos de risco, como fumar, indica o informe da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"O maior impacto será registrado nos países com menores recursos, muitos dos quais mal equipados para enfrentar este aumento dos casos de câncer", declarou a diretora da OMS, Margaret Chan.
Países em desenvolvimento em risco
Os países em desenvolvimento não só padecem dos casos de câncer associados com a pobreza, mas também dos resultados de hábitos adquiridos após conquistar melhores condições de vida, como um maior consumo de álcool e tabaco, o consumo de alimentos processados e falta de exercícios físicos.
"O peso especialmente pesa que recairá sobre os países de renda média e baixa faz com que dificilmente consiga se livrar do câncer, mesmo em países com rendimentos mais elevados, que terão dificuldades para enfrentar os crescentes custos dos tratamentos", indicou o diretor da IARC, Christopher Wild.
"É necessário um maior compromisso com a prevenção e detecção precoce para lidar com o aumento alarmante na incidência de câncer a nível mundial", acrescentou.
O câncer substituiu as doenças cardíacas como a principal causa de morte a partir de 2011 e o número anual de diagnósticos aumentou de 12,7 milhões em 2008 para 14,1 milhões em 2012.
O relatório destaca a diferença entre os sexos: cerca de 53% dos casos diagnosticados e 57% das mortes ocorrem em homens.
Os tipos de câncer também diferem em função do sexo.
Entre os homens, o câncer mais comum foi os nos pulmões (16,7% do total de casos entre o sexo masculino); seguido pelo câncer de próstata (15%), de colorretal (10%), estômago (8,5%) e fígado (7,5%).
Entre as mulheres, o mais frequente é o câncer de mama (25,2%), seguido pelo colorretal (9,2%), de pulmões (8,7%), útero (7,9%) e estômago (4,8%).
Há também diferenças regionais: mais de 60% dos casos de câncer e 70% das mortes ocorreram na África, Ásia, América Central e América do Sul, segundo o relatório global.
Na América Latina e no Caribe, o câncer de mama e o de próstata são os que têm maior incidência em mulheres e homens, respectivamente. Os tipos mais mortais nestas regiões são o câncer de mama e o câncer de colo do útero entre as mulheres, e o de próstata e de pulmão nos homens.
Quase a metade dos 14 milhões de novos casos de 2012 foram diagnosticados na Ásia, principalmente na China. A Europa totalizou um quarto dos casos, enquanto América Latina e Caribe 7,8% (e 7,4% de todas as mortes).
No geral, o câncer é diagnosticado em uma idade mais avançada em países menos desenvolvidos. E a nível global, o câncer de pulmão é o mais letal, com 19,4% do total, seguido pelo câncer de fígado (9,1%) e estômago (8,8%).
Olhando para o futuro, o relatório nota que a população mundial vai aumentar de 7 bilhões de pessoas em 2012 para cerca de 8,3 bilhões em 2025.
Os países com média e baixa renda terão um maior crescimento de suas populações e, portanto, uma maior incidência de câncer.
Tabaco, epidemia nos países mais pobres
O relatório expressa especial preocupação com o câncer de pulmão, em grande parte resultante do hábito de fumar e "intrinsecamente ligado a estratégias globais das companhias de tabaco para aumentar as suas vendas".
Uma "epidemia" de tabaco afeta especialmente os países mais pobres, de acordo com o estudo, "impedindo o desenvolvimento humano por tirar recursos e aumentar a pressão sobre os seus fracos sistemas de saúde e afetando a produtividade a nível nacional.
O custo total anual do câncer é estimado em 1,16 bilhão de dólares em 2010, segundo o relatório. "Quase metade dos casos de câncer poderiam ter sido evitados", ressalta.
O estudo pede novos esforços na prevenção, incluindo a vacinação contra a hepatite B e o vírus do papiloma humano, que podem ajudar a reduzir a incidência de câncer de fígado e útero, e a promoção do exercício físico para combater a obesidade, além de campanhas anti-tabagismo.
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