Quase
40 mil trabalhadores já entraram com ação na Justiça pedindo correção
dos valores depositados na conta do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS). Alguns especialistas, no entanto, sugerem que os
trabalhadores aguardem até que o assunto seja alvo de mais estudos.
Por
lei, as contas são corrigidas pela Taxa Referencial (TR) mais 3% de
juros ao ano. As ações pedem que elas sejam corrigidas pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ou outro índice de inflação,
além dos juros de 3% anuais.
O argumento é o de que, desde 1999, a TR tem ficado muito baixa e não repõe a inflação.
Segundo
a ONG FGTS-Fácil, que tem recebido reclamações de trabalhadores, se
tivesse sido corrigido pelo INPC, o saldo de cada trabalhador no FGTS
seria mais do que o dobro do valor atual. Quem tinha conta em 1999 e
hoje está com saldo de R$ 20 mil, na verdade deveria ter R$ 40.260.
A
Caixa Econômica Federal, que administra as contas,diz que vai recorrer
de todas as decisões contrárias ao modelo atual de correção.
Trabalhador pode entrar com ação coletiva ou individual
A discussão ganhou força no ano passado, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a TR não pode ser usada como índice de correção monetária de precatórios (títulos do governo para pagar cidadãos que ganham processos contra o poder público).
A discussão ganhou força no ano passado, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a TR não pode ser usada como índice de correção monetária de precatórios (títulos do governo para pagar cidadãos que ganham processos contra o poder público).
Na
última segunda-feira (3), a Defensoria Pública da União ajuizou uma ação
civil pública na Justiça Federal do Rio Grande do Sul contra a Caixa
pedindo a correção.
Ao receber a ação, o juiz
Bruno Brum Ribas, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, emitiu um despacho
dizendo que as decisões proferidas ao longo do processo terão validade
para todo o país.
Existem outras formas, porém, de
reivindicar a correção. É possível, por exemplo, procurar um escritório
de advocacia e entrar com ação individual ou em grupos de até dez
pessoas. Nos dois casos, será preciso pagar uma taxa para o advogado,
que vai variar de acordo com cada escritório.
Outra
saída é assinar uma procuração para fazer parte da ação coletiva movida
pelo sindicato que representa o trabalhador. Essa adesão pode ser
gratuita, mas muitas vezes os sindicatos cobram taxas simbólicas, de R$ 5
ou R$ 10.
Para saber o saldo atual da conta do
FGTS, o trabalhador pode ir a uma agência da Caixa Econômica Federal ou
fazer uma consulta pela internet. Nos dois casos, é preciso ter em mãos o
número do PIS.
O Instituto FGTS-Fácil criou um
serviço que também permite ao trabalhador calcular qual deveria ter sido
a correção da conta pela inflação, além de uma cartilha com informações
sobre o assunto. Os dois serviços são gratuitos, mas a ONG cobra de
quem quiser entrar com ação por meio da entidade.
Resultado das ações no longo prazo é incerto
Para o presidente do FGTS-Fácil, Mário Avelino, o trabalhador deve buscar seus direitos o quanto antes. "Ele deve mostrar para o governo que sabe que está sendo confiscado", diz.
Para o presidente do FGTS-Fácil, Mário Avelino, o trabalhador deve buscar seus direitos o quanto antes. "Ele deve mostrar para o governo que sabe que está sendo confiscado", diz.
Outros especialistas, no
entanto, sugerem cautela. "O prazo para entrar com ação nesse caso
termina em 30 anos, ou seja, só em 2029. Recomendo que o trabalhador
espere um pouco mais para saber o andamento que o assunto terá", diz
Carlos Henrique Crosara Delgado, tributarista do escritório Leite, Tosto
e Barros Advogados.
O advogado Breno Campos, do
escritório Lacerda Advogados, concorda. Ele diz que a expectativa, assim
como aconteceu com a correção da poupança nos planos econômicos dos
anos 1980 e 1990, é que o caso ainda tenha muitas reviravoltas e chegue
ao STF.
Fonte: Uol
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