O verão mais quente dos últimos 70 anos que atinge a região
Centro-Sul, o principal mercado consumidor do País, provocou uma corrida
dos consumidores para compra de ventiladores e aparelhos de ar
condicionado, já em falta em muitas lojas. Dependendo da marca, o
varejista enfrenta fila de espera de quase um mês para repor o estoque,
porque as indústrias não contavam com essa explosão no consumo ao
planejar a produção desses aparelhos.
"Nosso estoque de segurança
já foi embora e estamos aceitando pedidos só para março. A produção de
ventiladores de fevereiro está vendida", conta Giovanni Marins Cardoso,
diretor da Mondial Eletrodomésticos, líder em ventiladores.
No
mês passado, as vendas de ventiladores da empresa dobraram em relação às
de janeiro de 2012. Na fábrica da empresa que fica no interior da
Bahia, em Conceição do Jacuípe, a produção, que normalmente começaria a
ser reduzida a partir de agora por causa do fim da estação, foi
acelerada. "Estamos mantendo a produção em nível máximo", relata o
executivo, que se diz contente e ao mesmo tempo chocado com o que está
ocorrendo. "Estamos entregando tudo, mas os varejistas querem muito
mais."
A Ventisilva, tradicional fabricante de ventiladores
industriais e que estreou no ano passado no mercado de aparelhos
domésticos, está surpresa com o desempenho das vendas. "Nossas vendas
cresceram 45% em relação ao passado. Foi o melhor janeiro em 57 anos de
empresa", afirma a diretora Marli Martani da Silva. Hoje a carteira de
pedidos tem prazo entre 30 e 35 dias para ser atendida.
O aumento
do consumo provocou um rearranjo na produção. Marli conta que ampliou os
turnos da fábrica localizada na Mooca, na capital paulista, e aumentou
em 20% o quadro de trabalhadores. "Faz duas semanas que estamos
trabalhando aos sábados." Mesmo assim, a liberação de produtos está
sendo a conta-gotas: a loja pede 1.300 aparelhos e a empresa entrega
300, exemplifica.
O quadro se
repete na Zona Franca de Manaus (AM), que reúne os principais
fabricantes de aparelhos de ar condicionado, como LG, Electrolux,
Whirlpool, Midea, por exemplo. "Todo mundo está correndo para atender a
demanda", diz o presidente do Centro das Indústrias do Estado do
Amazonas (Cieam), Wilson Périco. Apesar de não ter as vendas de janeiro
fechadas, ele lembra que esse aquecimento não é de hoje e que, no ano
passado, as vendas de aparelhos de ar condicionado cresceram 98% e
somaram 3,1 milhões de unidades.
Obstáculos
Périco
pondera que existem obstáculos nessa corrida dos fabricantes para dar
conta do aumento inesperado do consumo. É que muitos componentes desses
aparelhos são importados da Ásia e demoram cerca de 8 semanas para
chegar ao País. Soma-se a isso, o fato de o frete de Manaus para São
Paulo demorar até 15 dias.
Grandes redes varejistas, no entanto,
não admitem abertamente a falta de produto, mas confirmam o crescimento
de vendas. A Via Varejo, dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio,
informa que as vendas de ventiladores e aparelhos de ar condicionado nas
lojas físicas durante a primeira quinzena de janeiro foram equivalente
às realizadas em janeiro inteiro de 2013.
No Walmart, o
crescimento de vendas desses itens no mês passado foi de 200%, ante o
mesmo período de 2013. Já o Carrefour informa que bateu recorde de
vendas. No Magazine Luiza, as vendas de ventiladores quintuplicaram e de
aparelhos de ar condicionado triplicaram ante as de janeiro de 2013. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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