segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cresce parcela da renda para pagar dívidas

O comprometimento da renda das famílias com os juros e a amortização de empréstimos saltou de 19,8% em dezembro de 2010 para 22,7% no mesmo mês de 2011, segundo projeção do Credit Suisse.
Em recente relatório, o banco aponta que o comprometimento da renda é provavelmente uma das causas do aumento da inadimplência (mais de 90 dias) da pessoa física de 5,8% no primeiro trimestre de 2011 para 7,6% em janeiro e fevereiro de 2012. A inadimplência em alta, por sua vez - a média desde junho de 2000 é de 7% -, aumenta a percepção de risco dos bancos, o que pode ter impactos nos spreads e nos volumes de crédito concedidos.
"O cenário mais provável hoje é a expansão do crédito à pessoa física ser menor e o comprometimento de renda com juro e amortização tende a aumentar", resume Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse.
No relatório, o banco alerta que qualquer recuo do alto comprometimento da renda das famílias com juros e amortização do crédito pessoal depende da redução dos spreads bancários e do aumento do prazo médio das operações. Além disso, nota que a alta inadimplência pode dificultar a aceleração do crédito nos próximos meses, reduzindo as chances de uma retomada econômica mais forte no curto prazo.
Para dezembro de 2012, o Credit Suisse projeta que o comprometimento da renda das famílias com o serviço do crédito pode variar entre uma ligeira queda e um forte aumento. No melhor cenário, ele recua para 22,4%. Mas isso supõe a redução dos juros médios de cada modalidade da pessoa física para o nível de outubro de 2010, o menor da história, e uma elevação do prazo médio da mesma dimensão da ocorrida em 2008.
Num cenário menos otimista, com estabilidade dos juros e do prazo médio de todas as modalidades no nível do fim de 2011, o comprometimento daria mais um salto, para 23,7% da renda em dezembro de 2012.
Em fevereiro, mesmo com a trajetória de queda da Selic (juro básico), a taxa média anual dos empréstimos a pessoas físicas subiu de 45,1% para 45,4%.
Um dos sinais preocupantes da evolução recente do crédito é justamente que as modalidades mais caras, como cheque especial e cartão de crédito, tiveram um impulso maior do que o crédito para a aquisição de veículos, que é uma linha mais barata com papel importante no boom de empréstimos à pessoa física nos últimos anos. As concessões de crédito imobiliário recuaram desde dezembro, mas depois de forte salto a partir de setembro.
A média diária de concessões de crédito para aquisição de veículos caiu de R$ 436 milhões em novembro de 2011 para R$ 381 milhões em fevereiro, e o nível atual é praticamente o mesmo do início de 2011. Já a média diária do cheque especial caiu de R$ 1,310 bilhão para R$ R$ 1,229 bilhão entre outubro e dezembro, mas voltou a subir para R$ 1,264 bilhão em fevereiro. Em janeiro de 2011, ela estava em R$ 1,141 bilhão.

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