Se depender da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o
consumidor vai pagar mais caro pela conta de luz. O órgão regulador
colocará em audiência pública, de amanhã a 16 de março, proposta de
reajuste de 4,6% nas tarifas. O aumento é necessário, segundo a Aneel,
para cobrir déficit de R$ 5,6 bilhões na Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE).
De acordo com a agência, os valores serão
repassados às tarifas dos consumidores nas datas de reajuste anual das
concessionárias. No Rio, as taxas da Light e da Ampla sobem em novembro e
março, respectivamente.
Na consulta pública, clientes e agentes do setor elétrico
podem participar dando opinião ou questionando a proposta, o que
significa que os números podem sofrer alterações até sua aprovação em
março.
O cliente
das concessionárias que quiser participar da audiência pode enviar
sugestões por meio do e-mail ap130_2013fase2@aneel.gov.br; pelo fax (61)
2192-8839 ou carta à Agência—SGAN, Quadra 603, Módulo I, Protocolo
Geral, em Brasília.
Conta serve para bancar plano de redução de tarifa
A
Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) é um dos pilares do plano de
barateamento das tarifas de luz. Anunciado pela presidenta Dilma
Rousseff em setembro de 2012 e aplicado em janeiro de 2013, o plano
levou a uma redução média de 20% nas contas de energia.
Para
chegar a esse corte, o governo acabou com a cobrança de encargos que
arrecadavam recursos para a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC),
Reserva Global de Reversão (RGR) e transferiu à CDE a responsabilidade
pelo financiamento das ações de fundos do setor de energia.
Como
as despesas têm sido superiores aos recursos que entram no caixa, o
Tesouro tem feito aportes para compensar essa diferença. Mas o repasse
não tem sido suficiente, pois além da extinção de encargos, o governo
antecipou a renovação de concessões de geração e transmissão de energia,
condicionada à redução no valor da remuneração paga às empresas.
Consumidor vai ter que pagar custo
Mesmo
que ocorra um ajuste no percentual apresentado pela Aneel após a
audiência pública, a correção não deve ser suficiente para evitar a
transferência dessa conta aos consumidores. Os usuários estão na
expectativa por uma alta das tarifas de luz devido à queda no nível dos
reservatórios das hidrelétricas, com o governo lançando mão de uso maior
das termelétricas.
Segundo cálculos apresentados durante reunião
da diretoria da agência ontem, as despesas da Conta de Desenvolvimento
Energético devem ficar em R$17,99 bilhões.
Nem a entrada de R$ 9
bilhões do Tesouro Nacional, além da arrecadação de multas, taxas como
Uso do Bem Público (UBP) e o pagamento de financiamentos, que deve
chegar em sua totalidade a R$ 12,39 bilhões, serão suficiente para
cobrir as despesas com itens atribuídos à CDE. Entre eles estão o
Programa Luz Para Todos (R$875 milhões), subvenção da tarifa social (R$
2,09 bilhões) e o subsídio à geração de energia nos sistemas isolados da
Região Norte (R$ 4,6 bilhões) e o pagamento de indenizações (R$ 3,178
bilhões). O déficit, que deve bater em R$ 5,6 bilhões, será bancado pelo
consumidor final.
Fonte: O Dia - Online
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