O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
decidiu nesta quarta-feira elevar a Selic a 7,50 por cento ao ano,
tirando-a do piso histórico de 7,25 por cento ao ano, e manteve o tom de
cautela ao iniciar mais um ciclo de aperto monetário.
A decisão foi dividida, com seis diretores optando pela
alta de 0,25 ponto percentual e outros dois por manutenção dos juros.
"O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a
dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para
que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política
monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e,
principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e
recomendam que a política monetária seja administrada com cautela",
informou o Copom por meio de comunicado.
Pesquisa da Reuters mostrou nesta quarta-feira que,
pela mediana dos 58 economistas consultados, a taxa básica de juros iria
a 7,50 por cento ao ano. Mas as apostas de alta deixavam claro que
havia divisão nas contas: 26 deles acreditavam que a alta seria de 0,25
ponto percentual; 12 previam aumento de 0,50 ponto; e 20 esperam que a
Selic fosse mantida.
Há quase dois anos o BC não subia o juros e, mais do
que a inflação não ceder de forma consistente, foram seus reflexos
negativos na atividade econômica que tiraram de vez o sono do governo.
As vendas no varejo, um dos principais pilares da economia, foram
atingidas pelos preços elevados e, em fevereiro, registraram a primeira
queda em quase dez anos.
Ainda afetada pelos preços dos alimentos, a inflação no
Brasil já estourou o teto da meta oficial do governo, de 4,5 por cento,
com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos. O IPCA
registrou, em março, alta de 6,59 por cento no acumulado de 12 meses.
A equação para domar a inflação, no entanto, passa pelo
crescimento da economia ainda tímido. O governo e o mercado não
acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) terá expansão acima de 3,5
por cento neste ano.
O mercado futuro de juros, desde a semana passada, já
vinha precificando alta de 0,50 ponto percentual da Selic, apesar de
terem recuando um pouco neste pregão. As apostas foram cravadas com mais
força na sexta-feira, quando o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o
presidente do BC, Alexandre Tombini, afinaram o discurso contra a
inflação.
O recado mais claro
de que o BC subiria os juros agora, e não em maio, veio de Tombini, ao
incluir a palavra "atentamente" na sua declaração sobre o monitoramento
dos indicadores econômicos para decidir sobre o futuro da política
monetária. Especialistas lembraram que essa foi a senha para, no passado
recente, o Copom começar um ciclo de aperto.
O último ocorreu em janeiro de 2011, início do governo
da presidente Dilma Rousseff, quando a Selic passou de 10,75 a 11,25 por
cento ao ano. No mês anterior, quando o Copom havia decidido não mexer
na taxa, acabou incluindo no seu comunicado que acompanharia
"atentamente" a evolução do cenário macroeconômico.
A Selic foi elevada até 12,50 por cento em julho
daquele ano e, em agosto, diante dos fracos sinais da economia, a
autoridade monetária surpreendeu e cortou a taxa a 12 por cento,
levando-a ao longo dos meses seguintes até a mínima histórica de 7,25
por cento.
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