Parte da redução média de 20% das tarifas de energia elétrica conseguida
com a Medida Provisória 579, que renovou os contratos de concessão do
setor elétrico, já foi corroída pelas revisões tarifárias das
distribuidoras. Em dois grandes processos, encerrados na semana passada
(da Cemig e da CPFL), as tarifas voltaram a subir para algumas classes
de consumo. Há casos em que a queda anunciada - e comemorada - pela
presidente Dilma Rousseff já foi praticamente zerada.
É o caso, por exemplo, das tarifas de alta tensão (usada pelos
grandes consumidores) da distribuidora paulista CPFL, que estão apenas
0,9% abaixo das praticadas antes da MP 579. Segundo cálculos da
comercializadora de energia Comerc, com base em dados da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2012, o preço médio da energia
para esses consumidores era de R$ 229,91 o megawatt hora (MWh). Em
janeiro, o governo reduziu para R$ 181,18. E, agora, com o resultado da
revisão tarifária, subiu para R$ 227,94. Ou seja, o consumidor teve
apenas dois meses de alívio na conta de luz.
O presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, responsável pelos
cálculos, afirma que vários fatores influenciaram na elevação da conta
de luz. Apesar da tarifa fio (transmissão) e do preço da energia na
usina terem caído por causa das novas regras de renovação dos contratos
de concessão, os problemas climáticos tiveram peso importante nos
resultados.
Com a queda no nível dos
reservatórios e chuvas abaixo da média, o governo teve de acionar todas
as térmicas (a diesel e óleo combustível). A medida teve efeito
devastador no setor. "Além disso, alguns contratos novos de geração são
reajustados pelo IPCA (que está pressionado) e ainda houve aumento da
tarifa da Eletronuclear", explica Vlavianos.
Ele destaca que as elevações nas revisões tarifárias variam entre as
classes de consumo. Nos clientes residenciais, o peso da tarifa fio é
alto. Como a MP promoveu uma queda grande na receita das transmissoras, a
conta de luz ainda mantém desconto significativo, mas abaixo do
anunciado pelo governo. Na Cemig, o corte para os consumidores
residenciais caiu de 18,1% para 16,01% e para os comerciais, de 18,1%
para 10,31%.
Apesar da forte revisão promovida pela Aneel nos ativos da companhia -
decisão que derrubou as ações da distribuidora -, as tarifas para os
clientes de alta tensão tiveram alta substancial. Em dois meses, os
descontos decorrentes da MP caíram entre 7,7 e 12,34 pontos porcentuais.
A estatal mineira não quis comentar o assunto. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
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