A presidente Dilma Rousseff admitiu que em um programa do porte do
Minha Casa, Minha Vida, com entrega de 2,4 milhões de casas, é possível
que ocorram fraudes, como também é possível que se encontre casas que
racharam. Avisou, no entanto, que seu governo não entregará casas de
baixa qualidade. "Eu não fui eleita para dar casas de qualquer jeito
para a população brasileira", disse a presidente Dilma, em entrevista,
no Planalto. "Eu acho que o povo brasileiro merece o que há de melhor
para ele poder usufruir. Minha obrigação é estar atenta para que ninguém
queira vender gato por lebre, para que ninguém queira entregar produtos
que não sejam de qualidade", avisou a presidente, depois comentar que
no governo de Fernando Henrique Cardoso não houve investimento maciço em
habitação, como no governo Lula.
"Eu tenho acompanhado as realizações do Minha Casa Minha Vida porque,
meu querido, eu fiz este programa desde o início. Na época do
presidente Fernando Henrique, não houve um programa deste porte. A
última vez que houve um programa deste porte foi no BNH (Banco Nacional
de Habitação, extinto por decreto em 1986). Do BNH pra cá, você não teve
nenhum programa maciço de criação de casas populares, de construção de
casas populares", afirmou a presidente.
"No governo passado, não se podia, talvez pela crise do Estado,
talvez por convicção, não se cogitava em fazer subsídios. Não há como
fechar a conta, se você ganha até R$ 1.600, não há como você sustentar
sua família de três filhos e pagar uma casa que custa 75 mil reais em
algumas cidades, um apartamento de dois quartos, sala e cozinha",
prosseguiu.
De acordo com a presidente, "fraude, num programa deste tamanho
também pode ocorrer". " A minha obrigação, a obrigação do governo é
combatê-la. É assegurar que eles recebam a casa da melhor qualidade
possível". Dilma respondia a uma denúncia publicada na imprensa, segundo
a qual ex-servidores do Ministério das Cidades, que se valeram de
informações privilegiadas da área de habitação do governo federal para
operar o esquema de empresas de fachada e se beneficiarem de recursos do
programa Minha Casa Minha Vida.
A presidente lembrou que o Brasil "tem ótimas tradições, mas tem
outras que não são tão boas, herdadas da escravidão, que acham que o
povo brasileiro de baixa renda merece qualquer coisa".
Para a presidente, "é importantíssima a defesa do interesse do
consumidor, porque, ninguém tira 40 milhões e eleva para classe média,
sem criar com essas pessoas, e com todas demais consumidoras, um
compromisso de qualidade". Na sua opinião, "o povo brasileiro tem
direito a ter o melhor possível, dentro do que esta sendo ofertado". No
caso do Minha Casa Minha Vida, segundo a presidente, "não é só cobrar
que os telefones funcionem, que os bancos funcionem, é cobrar de nós
mesmos que o Minha Casa Minha Vida seja o melhor possível".
Piso
A presidente também prometeu garantir piso de qualidade nas casas do
programa. "Na primeira fase do programa, os recursos não eram tão
avultados. Então na primeira fase do programa, o piso ficaria de
cimento, muitas vezes se usa piso de cimento em casas até sofisticadas.
Nós estamos optando para fazer a possibilidade de fazer piso de
cerâmica, de lâmina de madeira. Quem não saiu com o piso foi o 1 milhão
inicial (de casas), esse um milhão inicial resolvemos voltar e falar:
"Vamos fazer piso".
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