A presidente Dilma Rousseff sanciona hoje (2) Medida Provisória (MP)
582, que prevê uma série de estímulos fiscais, incluindo a desoneração
da folha de pagamentos para 48 setores da economia. O Palácio do
Planalto deve vetar o benefício para a maior parte dos setores, de forma
a evitar uma renúncia fiscal elevada. Mas, segundo apurou o ‘Estado’, o
governo deve criar uma mesa de negociação com os setores que ficaram de
fora, com a promessa de que os benefícios virão no futuro.
"A lógica é a mesma da cesta básica", disse ontem (1º), sob a forma
de anonimato, uma fonte do governo. A desoneração dos itens da cesta
básica foi vetada pela presidente ainda em meados de 2012, depois que a
medida foi inserida por parlamentares em uma medida provisória - à
época, a presidente acusou pouco espaço fiscal para adotar a medida,
somente lançada no mês passado.
A ideia no governo é criar uma "moeda de troca" a ser oferecida aos
setores que terão o benefício da desoneração da folha de pagamentos
vetada.
Este é o caso das empresas dos setores de transporte coletivo, como
ônibus, trens e metrô. Técnicos do governo apontam que podem prestigiar
projeto do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que tramita em caráter
terminativo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e que
cria um regime especial de tributação para as empresas do setor. Com o
regime, o governo aposta que os estímulos serão ainda maiores que por
meio da folha de pagamentos apenas.
Opção
Um ponto polêmico que será decidido pela presidente é quanto a um
mecanismo criado pelos parlamentares, e inserido no texto da MP, que
permite às empresas dos setores contemplados com a desoneração da folha
de pagamentos decidir, ano a ano, se vão recolher a contribuição
previdenciária sobre o faturamento ou se preferem continuar recolhendo
sobre a folha de pagamento.
O Ministério da Fazenda entende que esse instrumento seria confuso
para a Receita Federal, mas técnicos do governo admitem a possibilidade
de Dilma aceitar a criação do novo mecanismo, pois agradaria as
empresas.
Os setores que receberem o sinal verde da presidente Dilma hoje (2)
só terão o benefício dentro de 90 dias, para respeitar a legislação
tributária, que exige o cumprimento de uma "noventena" para medidas do
tipo. Assim, a maior parte desses estímulos entrará em vigor em agosto, o
que adiará o impacto fiscal das medidas para o segundo semestre.
Originalmente, a MP previa a desoneração da folha a 15 segmentos -
que serão sancionados pela presidente -, mas os parlamentares inflaram
essa conta com outros 33 setores.
Além dos estímulos de desoneração
da folha de pagamentos, a presidente vai sancionar hoje (2) também a
prorrogação da depreciação acelerada (que reduz a carga de Imposto de
Renda sobre o bem) de máquinas e equipamentos para dezembro deste ano. O
governo também vai criar o Regime Especial de Tributação para a
Indústria de Fertilizantes.
Com os estímulos, o governo espera garantir que o ritmo da economia
não perca força entre o primeiro e o segundo trimestre. Segundo as
estimativas mais recentes da equipe econômica, o PIB (Produto Interno
Bruto) cresceu cerca de 0,9% no primeiros trimestre de 2013, na
comparação com o último trimestre de 2012. Essa alta, de quase 4%
anualizado, não deve se sustentar no segundo trimestre, avalia o próprio
governo.
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