O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), apresentou
ontem projeto de lei propondo a criação de um regime especial — o
Microempregador Doméstico — voltado para pessoas físicas ou famílias que
contratam trabalhadores domésticos e cuidadores de pessoa idosa, doente
ou deficiente. De acordo com a proposta, o recolhimento obrigatório do
FGTS cairia de 8% para 4% do salário do empregado doméstico, a multa de
40% sobre os depósitos do Fundo nas demissões sem justa causa acabaria e
a contribuição patronal para o INSS, atualmente em 12%, seria reduzida
para 5%. A contribuição dos trabalhadores (que hoje varia entre 8%, 9% e
11%) ficaria em 3%.
O projeto será discutido na comissão mista do
Congresso que vai regulamentar os novos direitos da categoria,
assegurados pela Emenda Constitucional 72, que resultou da PEC das
Domésticas e entrou em vigor na quarta-feira.
— Eu precisava dar
uma palavra de alento às famílias da classe média. Estamos preocupados
em garantir os direitos dos empregadores domésticos, mas também em não
penalizá-los e evitar demissões em massa — disse o deputado, que sugeriu
dar prioridade à PEC das Domésticas na comissão do Congresso instalada
para regulamentar dispositivos pendentes da Constituição.
Multa sobre saldo do FGTS preocupaO
deputado destacou que a relação entre patrões e empregados domésticos é
diferente da relação entre empresas e demais trabalhadores, porque não
visa ao lucro e, sim, ao bem estar social das famílias. Ele disse que a
multa de 40% sobre o saldo do FGTS, vetada pelo ex-presidente Lula em
2006, é um dos principais motivos de preocupação das famílias, que
ameaçam demitir o empregado, enquanto o dispositivo não estiver
regulamentado.
— A pretexto de garantir um benefício no futuro, no ato da demissão, você pode gerar demissões em massa — destacou Sampaio.
O
relator da comissão, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que vai
analisar todas as propostas relativas ao tema, mas ponderou que vai
propor uma solução que não cause desequilíbrios à Previdência:
—
Tem que ser um sistema equilibrado. Não pode ser totalmente subsidiado
pelo governo, porque seria injusto com as demais categorias.
Sampaio
disse que está aberto às discussões e que a sua proposta pode ser
melhorada. Segundo ele, a alíquota reduzida para a Previdência tem a
finalidade de trazer para a formalidade dois terços dos empregados
domésticos, de um total de 6,6 milhões.
A nova realidade está
mexendo com as relações trabalhistas. A doméstica Rita Jacobs, de 46
anos, que trabalhava há sete meses na mesma residência, foi demitida.
—
Minha ex-patroa disse que eu deveria levar minha carteira na
segunda-feira para que ela pudesse dar baixa. Fez questão de falar que
não estava me demitindo por causa da PEC, mas não me explicou o motivo.
Foi muito estranho.
Rita se diz feliz com os novos direitos, mas está confusa e preocupada:
—
Existem coisas que eu não entendo, como a questão da hora extra e do
adicional noturno. Estou preocupada, envio meu currículo, mas as pessoas
estão querendo diaristas e não empregadas. Na minha casa, eu sou pai e
mãe, tenho três filhos, não posso ficar desempregada.
Fonte: O Globo - Online
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