Fiscais da Vigilância Sanitária do Estado de Minas Gerais e da
cidade de Pouso Alegre, onde está localizada a Unilever, fabricante do
suco AdeS, irão inspecionar a unidade. Eles vão verificar a necessidade
de recolher outros lotes da bebida, além do suco sabor maçã contaminada
com produto de limpeza. O órgão também quer confirmar se a empresa
adotou medidas para corrigir o problema, que levou à convocação de
recall da bebida. A inspeção foi solicitada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa). Novo comunicado emitido pela Unilever no
começo da noite desta quinta-feira informou que subiu de nove para 14 o
número de consumidores que já ligaram para o SAC relatando problemas de
saúde ocorridos após ingestão do suco produzido pela empresa. Segundo a
Unilever, 12 dos 14 consumidores que entraram em contato receberam
atenção médica adequada e estão sendo acompanhados. Dois recusaram
atendimento.
Outras dezenas de clientes da empresa,
principalmente mães com filhos pequenos, também relataram estar
preocupadas com a ingestão do suco por meio da página do AdeS no
Facebook. A empresa respondeu a todas as manifestações com orientações
sobre o recall. Na quinta-feira, a companhia divulgou que o conteúdo de
96 caixas do AdeS Maçã 1,5 litro, do lote AGB 25, está impróprio para
consumo. A fabricante detectou falha no processo de higienização, que
resultou no envase de embalagens com solução de limpeza.
De
acordo com a Unilever, a falha identificada no processo de produção já
foi solucionada, os produtos existentes na empresa foram retidos e os
ainda presentes nos pontos de venda estão sendo recolhidos. A fabricante
ainda ressalta que os produtos AdeS não correspondentes a este lote
“encontram-se em perfeitas condições para consumo”.
Os
produtos do lote impróprio para consumo foram distribuídos nos estados
de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Nestas unidades, foi identificada
uma alteração do conteúdo do suco “decorrente de uma falha no processo
de higienização, que resultou no envase de embalagens com solução de
limpeza da máquina. O consumo do produto nessas condições pode causar
queimadura”, informa o comunicado.
A empresa pede que os
consumidores verifiquem o produto já comprado e, caso seja do lote
mencionado, não o consumam e entrem em contato gratuitamente pelo SAC no
0800-707- 0044, das 8h às 20h, ou sac@ades.com.br.
Ingestão pode causar queimadura da mucosa da boca e garaganta
O
procedimento adotado pela fabricante junto aos consumidores que
apresentaram problemas de saúde é o correto, analisa Márcio Marcucci,
diretor de fiscalização do Procon-SP. O fornecedor deve oferecer
atendimento e acompanhamento médico e arcar com os custos da medicação,
se necessária. Ele esclarece, ainda, que todos que compraram suco
impróprio para consumo têm o direito de ser ressarcidos pela empresa,
seja recebendo nova mercadoria ou o dinheiro pago pela compra.
O
médico toxicologista Angelo Zanaga Trapé, da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), explica que a ingestão da bebida contaminada pode
causar queimadura na mucosa da boca, garganta e esôfago, gerando um
atendimento apenas ambulatorial, num pronto atendimento, sem a
necessidade de internação.
Os consumidores que ingeriram
o suco provalvelmente irão sentir um formigamento, ardor, calor na
boca, como se tivessem mordido uma pimenta. Devem ser submetidos a uma
limpeza oral, com ingestão de substância analgésica para tratamento.
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