Em São Paulo, ministro da Educação diz que proposta está em discussão com secretarias estaduais
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prometeu nesta segunda-feira apresentar até o início de abril uma proposta de reformulação do currículo do ensino médio brasileiro. Segundo ele, o plano já está sendo debatido com as secretarias estaduais de Educação. O ciclo final da educação básica de fato precisa de um sério ajuste, como apontam educadores e também indicadores de ensino.
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De
acordo com Mercadante, a ideia é que o novo currículo seja guiado pelo
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Os alunos hoje sonham com o
Enem, que cobra quatro grandes áreas (matemática, língua portuguesa,
ciências humanas e da natureza). Temos que reforçá-las", disse o
ministro, que nesta tarde participou de uma audiência pública na
Assembleia Legislativa de São Paulo.
A reformulação deverá ocorrer
nos moldes do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, que
estabelece que toda criança deve saber ler e escrever até os 8 anos de
idade, uma colaboração entre o MEC e as secretarias estaduais. "O ensino
medio é responsablidade dos estados. Depende deles que as mudanças
propostas sejam aceitas."
Uma das mudanças a serem propostas,
segundo Mecadante, é a flexibilização dos currículos. Cada estudante
teria autonomia para escolher disciplinas para sua grade nos três anos
de ensino médio. Isso possibilitaria, por exemplo, aumentar a ênfase do
curso em áreas como humanas, exatas e biológicas. O ministro voltou a
falar também sobre a distribuição de tablets aos professores, sem, no
entanto, detalhar o plano de capacitação dos docentes.
O Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostra que o ensino médio vai
muito mal no Brasil. Em uma escala de 0 a 10, a média dos alunos do
ciclo em 2011 foi de 3,7 — apenas 0,1 ponto acima da medição de 2009. Em
nove estados houve regressão.
Na última semana, a ONG Todos Pela
Educação divulgou outro dado preocupante. Segundo levantamento realizado
pela instituição, apenas 10,7% dos estudantes do 3º ano do ensino médio
dominavam os conhecimentos esperados em matemática em 2011. E pior: o
número é inferior ao da medição anterior, realizada em 2009.
Cotas
— Mercadante aproveitou a visita para criticar o projeto de cotas em
estudo pelas universidades públicas paulistas, batizado Programa de
Inclusão por Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), que
pretende reservar 50% das vagas a estudantes do ensino médio público de
São Paulo. A partir da nota do Enem ou do Saresp (Sistema de Avaliação
de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), alunos da rede seriam
admitidos em um "college", um curso de dois anos de preparação: uma vez
aprovados, teriam acesso às universidades.
Para Mercadante, o
sistema segrega os estudantes e prolonga em dois anos a sua formação no
ensino superior. "Esse curso de dois anos não promove a inclusão e deixa
os estudantes apartados dos demais. Além disso, um curso superior que
inicilamente seria de quatro anos passa a durar seis", disse.
Especialistas, no entanto, discordam. "É uma inovação. Esse plano não
abaixa a cerca. Ensina o aluno a pular mais alto", afirma Cláudio de
Moura Castro, especialista em educação e colunista de VEJA.
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