Laudo divulgado no final da tarde desta sexta-feira, pela
superintendência da Vigilância Sanitária Estadual de Minas Gerais, sobre
o lote da bebida à base de soja da marca Ades contaminado aponta que,
no lugar de suco de maçã, 96 unidades foram envasadas com soda cáustica
(hidróxido de sódio 2,5%) e água. Isso teria ocorrido em razão de falhas
mecânica e humana na unidade da fabricante Unilever de Pouso alegre
(MG). O laudo estadual agora será encaminhado à Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) que definirá as penalidades.
Mas a Vigilância já apontou que a linha de produção deve permanecer
paralisada até que sejam tomadas diversas medidas preventivas na
fábrica. Entre outras coisas, a Unilever terá de fazer uma revisão
completa de todos os equipamentos, sensores e software do processo de
fabricação do Ades.
A empresa precisará ainda aumentar o número de amostras coletadas
durante o envase e alterar o período de retenção dos produtos acabados
antes da liberação ao mercado. Outra exigência é a revisão e
implementação de um procedimento de liberação da produção após o sistema
de higienização. Por fim, a companhia precisará introduzir um dossiê
diário de qualidade com a assinatura dos gerentes.
As falhas na fábrica teriam ocorrido no tanque de alimentação da
linha de envase. Como ele estava com estoque baixo, a máquina teria
iniciado o processo automático de limpeza. Mas, em seguida, o
dispositivo de envase teria sido acionado por um funcionário e as
embalagens receberam a substância de limpeza no lugar do suco.
A Vigilância Sanitária questiona o fato de a empresa não ter notado o
erro e distribuído ao mercado o lote contaminado da embalagem de 1,5
litro do suco de maçã. A falha envolveu o lote AGB 25 envasado no dia 25
de fevereiro de 2013 com validade até 22 de dezembro de 2013.
Nesta semana, técnicos da Unilever já haviam se reunido em audiência,
em Brasília, com representantes da Secretaria Nacional do Consumidor e
da Anvisa. Na ocasião, a empresa admitiu que houve falhas operacionais e
humana e argumentou que tomou medidas para evitar novos problemas.
Entretanto, isso não a livrou de responder pelo ocorrido e um processo
tramita na Secretaria do Consumidor com a multa podendo chegar a R$ 6,2
milhões. Já na Anvisa, a multa pode atingir o valor de R$ 1,5 milhão.
Proibido
A vistoria na fábrica em Pouso alegre foi realizada por funcionários
da Vigilância Sanitária Estadual e Municipal. A fabricação,
distribuição, venda e consumo de todos os lotes dos produtos com soja da
marca Ades, de diferentes sabores, versões e tamanhos de uma das linhas
de produção seguem proibidos até que uma nova resolução seja publicada
pela Anvisa.
Até agora 14 pessoas já tiveram problemas ao consumir o suco e esse
número pode aumentar. Isso porque das 96 unidades contaminadas menos de
50 foram localizadas e recolhidas até o momento. A Unilever divulgou
comunicado informando que cumpriu todas as determinações da Anvisa
publicadas nesta semana e que os demais produtos Ades não
correspondentes aos lotes com as iniciais "AG" permanecerão no mercado e
se encontram em perfeitas condições para consumo.
De acordo com a Unilever, os consumidores afetados tiveram problemas
como queimaduras na mucosa, enjoo e náusea. Mas todos já teriam recebido
atendimento médico, sem que houvesse a necessidade de internação.
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