quinta-feira, 21 de março de 2013

Maioria dos chocolates não informa sobre quantidade de cacau no rótulo, diz pesquisa do Idec

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), com oito das marcas de chocolates mais vendidas no Brasil — Arcor, Brasil Cacau, Cacau Show, Garoto, Hershey's, Kopenhagen, Lacta e Nestlé — concluiu que a maioria não informa no rótulo a quantidade de cacau do produto.
Entre os chocolates ao leite, apenas os da Cacau Show têm o percentual estampado na embalagem, de acordo com o levantamento. “As outras não fazem menção à quantidade do fruto. Ainda não existe lei que obrigue as empresas a colocarem esse dado na embalagem, mas, para o Idec, seria razoável que essa iniciativa partisse dos próprios fabricantes”, informa o comunicado da entidade.
O teor de cacau também não é estampado nas embalagens de muitos chocolates meio amargo e amargo. Dos oito chocolates meio amargo pesquisados, apenas três têm a informação no rótulo: Cacau Show, Hersheys e Arcor. Entre as marcas de chocolate amargo, dois não têm o dado: os tabletes de 40g e 85g da Kopenhagen, e os tabletes de 20g e 100g da Brasil Cacau (marcas que pertencem ao mesmo grupo).
Quantidade mínima
Além disso, entre os produtos pesquisados, cinco são fabricados apenas com a quantidade mínima de cacau estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Para ser considerado chocolate, o produto deve ter, ao menos, 25% de cacau, se for chocolate ao leite”, diz o Idec.
“Seria muito importante que o teor de cacau viesse impresso no rótulo, até porque, se trata de um direito à informação ao consumidor, assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), desta maneira, fica a sensação de que essa informação trata-se apenas de uma estratégia de marketing usada quando isso é conveniente aos fabricantes”, afirma Ana Paula Bortoletto Martins, pesquisadora do Idec.
Ana Paula lembra ainda que os benefícios do cacau à saúde, como a produção de mais serotonina, que dá a sensação de bem-estar e diminui a pressão arterial, estão diretamente relacionados à sua quantidade no chocolate. “É importante que o consumidor esteja atento a essa informação no rótulo, para sua melhor escolha e, no caso de não encontrar, cobre esse direito das empresas, por meio dos canais de atendimento ao consumidor”, afirma a pesquisadora.
Duplo padrão nos produtos importados
O Idec também pesquisou alguns chocolates importados vendidos no Brasil e que têm preços lá fora relativamente equivalentes aos dos chocolates brasileiros escolhidos: Casino Lait Dégustation, Guylian, Lindt Swiss Classic, Milka, Nestlé Crunch e Ritter Sport. E, diferente dos chocolates nacionais, o teor de cacau está presente nos rótulos de todos os chocolates importados pesquisados, mesmo que seja em letras miúdas, no verso da embalagem.
“O que chamou a atenção é que dois desses chocolates estrangeiros, também são fabricados no Brasil: Crunch (da Neslté) e Milka (da Kraft). Nos dois casos, o teor de cacau é maior nos produtos fabricados lá fora: ambos têm no mínimo 30% de cacau (os nacionais têm no mínimo 25%). As duas empresas, portanto, praticam o que se chama de duplo padrão: independentemente de questões relacionadas à legislação de cada país, elas tratam de maneira diferente os consumidores brasileiros e os de seu continente de origem”, destaca o Idec.

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